sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre o meu cafajeste.


Estou em meu carro ouvindo Blues e indo em direção a casa dele. Eu sei que não deveria ir; sei que vou me arrepender depois; sei que vou encontrar  camisinhas usadas no lixo, garrafas de cerveja barata vazia, e o cheiro de algo morto em seu apartamento não vai me agradar. Sei que isso tudo vai me fazer chorar quando chegar em casa e me sentir a pior pessoa do mundo. Mas esse desgraçado tem nele algo que me faz perder totalmente os sentidos, que me faz querer sempre mais. Como se ele fosse aquela  droga que eu necessito, que cheiro, que exploro e que sei que no fundo me faz mau, mas mesmo assim eu não largo.
Ta, eu sei: não deveria me entregar tão fácil e tão ardente a um homem que não sabe sequer a cor dos meus olhos ou o nome da minha banda favorita. Alguém que não consegue olhar o meu sorriso porque se ocupa demais em olhar a minha bunda. Mas mesmo sabendo disso, estou agora tocando a companhia desse maldito apartamento esperando um homem que nem vai reparar que é a primeira vez que uso um vestido florido - aliás, pouco importa que roupa estou vestindo; ele quer é meu corpo em um canto e minha roupa no outro lado do quarto, jogada no chão frio.
Ele abre a porta com aquele sorriso malicioso e lindo, que juro que meu único desejo era ter uma câmera fotográfica naquele momento pra registrar aquele sorriso pra sempre. E só pra mim! 
E eu acho que paralisei, porque ele está me perguntando se vou entrar ou continuar ali que nem uma planta parada.
O apartamento estava como eu esperava só que agora com cheiro de café no ar. E me pergunto como alguém conseguia se alimentar em um apartamento nojento como aquele.
Ele toma seus últimos goles de café em quanto eu, já habituada com o local, me dirijo ao seu quarto.
Me surpreendo que hoje os lençóis estão trocados e o "ninho" está mais apresentável. - Será que alguém esteve por lá organizando a bagunça desse homem?
Olho pra escrivania vazia e  imagino como ficaria lindo um porta-trato naquele espaço com uma foto nossa nele. Mas logo me perturba os pensamentos ao me perguntar quantas mulheres já imaginaram o mesmo.
E, antes que tais perguntas cheguem as respostas amargas que me entregaria ao choro, ouço os passos dele no corredor. 
Segundos depois suas mãos deslizar em meu corpo.
E logo estamos nus na cama e eu completamente entregue a ele. 
Mas depois de alguns minutos, já está ele no banho e eu me arrumando pra continuar meu dia.
E é esse o momento que, como sempre, começo a me arrepender: acabei de transar com o cara que pouco se importa se vou chegar bem casa. O cara que se chamado de cafajeste, estaria elogiando. Mas quer saber? É desse cafajeste que eu gosto. 
Comentários
6 Comentários

6 comentários:

  1. Nossa meu que texto é esse? adorei :p serio..essa historia e nada convencional pra uma garota, mas é isso que eu gostei ! Parabéns quero mais !

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    1. anw,obrigada! *-*
      Eu quis escrever uma história diferente mesmo :) kk

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  2. Um pouco diferente dos outros, mas tá muito bom. Parabéns! ;D

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  3. Juliana, que texto incrivél, apaixonante. Nossa senti até um arrepio quando li. É como se fosse um historia real do dia a dia das pessoas que não procuram por compromisso. Achei tão real e intenso. Adorei

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